POESIA
Vinícius
de Moraes
Vinicius de Moraes (1913-1980)
foi um poeta e compositor brasileiro. "Garota de Ipanema", feita em
parceria com Antonio Carlos Jobim, é um hino da música popular brasileira. Foi
também diplomata e dramaturgo
Soneto
de Fidelidade
De tudo ao
meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero
vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim,
quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Cecília
Meireles
Cecília Meireles
(1901-1964) foi poetisa, professora, jornalista e pintora brasileira. Foi a
primeira voz feminina, de grande expressão na literatura brasileira, com mais
de 50 obras publicadas. Com 18 anos estreia na literatura com o livro
"Espectros". Participou do grupo literário da Revista Festa, grupo
católico, conservador e anti modernista. Dessa vinculação herdou a tendência
espiritualista que percorre seus trabalhos com frequência.
Inscrição
na Areia
O meu amor não tem importância nenhuma.
Não tem o peso nem de uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem importância nenhuma.
Mário Quintana.
Mario Quintana (1906-1994) foi poeta, tradutor e jornalista
brasileiro. É considerado um dos maiores poetas do século XX. É o autor de
poemas e frases consideradas brilhantes. Em 1980 recebeu o Prêmio Machado de
Assis da ABL, e em 1981 foi agraciado com o Prêmio Jabuti.
“Há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e ... os amigos,
que são os nossos chatos prediletos.”
“A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não
tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.”
FÁBULAS
O Leão e o Ratinho
"Mais vale, a
calma e a prudência, à fúria desenfreada."
Caía a
tarde na selva. E ao longe pelos caminhos, ouvia-se a passarada que regressava
a seus ninhos. Na beira de uma lagoa, os sapos em profusão, cantavam bem
ritmados, a sua velha canção. No mais, tudo era silêncio. No entanto, nesse
momento, surgiu um velho leão, à procura de alimento. Andava orgulhosamente,
com passos lentos, pesados. E por onde ele passava, os bichos apavorados,
fugiam para suas tocas, deixando livre o caminho. Porém, eis que de repente,
surgiu um pobre ratinho. O leão não perdeu tempo e assim estendendo a pata,
alcançou o pobrezinho que corria pela mata. - Vejam só, que sorte a minha!
Abocanhei-te seu moço. Tu não és lá muito grande, mas já serve para o almoço! -
Tenha piedade senhor! - Oh, solte-me por favor! Do que lhe serve matar-me! Pois
veja bem, se me come, eu sou tão pequenininho, que mal posso matar-lhe a fome.
- Pensando bem, tens razão! Eu vou soltar-te ratinho. O que ia fazer contigo,
assim pequeno, magrinho. Segue em paz o teu passeio. Não vês, sou teu amigo,
para mim de nada serves, quase não pode contigo! - Seu Leão, esse favor, eu
jamais esquecerei. Se puder, algum dia, ainda lhe pagarei. - Oh! - Pagar-me?
Ora! Tu mal aguenta contigo! O que poderias fazer a meu favor, pobre amigo! -
Não sei, não sei majestade, mas prometo-lhe outra vez, algum dia, hei de
pagar-lhe, o grande bem que me fez! E assim dizendo, o ratinho correu e muito
feliz entrou no seu buraquinho. E o leão tranquilamente, embrenhou-se na
floresta. Entretanto, de repente, o pobre animal, caiu na rede de um caçador. E
a fera se debatendo de raiva e pavor, urrava! E quanto mais se esforçava, mais
a corda o enlaçava. Nesse instante, o tal ratinho, que de longe tudo ouvia,
chegou perto do leão, que urrando se debatia. - Não se aflija meu amigo, aqui
estou para salvá-lo. Espere. Fique tranquilo, pois vou tentar libertá-lo.
Deixe-me roer a corda que o prendeu... assim...assim... não se mexa por favor,
descanse e confie em mim. E o ratinho foi roendo, roendo insistentemente, até
que a corda cedeu e arrebentou finalmente! - Pronto, estou livre afinal! -
Muito obrigado ratinho. O que seria de mim sem tua ajuda, amiguinho! E o
ratinho humildemente, cheio de satisfação, estendeu sua patinha ao grande e
velho leão! - Amigo, não me agradeça, entretanto aprenda bem, não faça pouco
dos fracos, confie neles também!
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